RACISMO NA CAIXA ECONÔMICA: Empresário diz ter sofrido preconceito racial após levar ‘gravata’ em agência bancária

Após tentar resolver um problema burocrático numa agência bancária da Caixa Econômica Federal em Salvador, o empresário Crispim Terral, de 34 anos, levou uma “gravata” de um policial militar. Este momento foi filmado pela filha dele, de 15 anos, no último dia 19, sendo possível ouvir seu choro diante da cena. O cliente publicou as imagens em seu perfil do Facebook e afirmou ter sido vítima de preconceito racial. Crispim disse ainda ter se sentido indignado com a situação.

“Vou buscar meus direitos sim. Fui no hospital porque passei mal após a agressão, fui na corregedoria da polícia militar prestar queixa, está tudo registrado”, ressaltou. “Isso não pode passar impune”.

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Em nota, a Caixa disse que “até o momento não foi identificada, por parte de nenhum dos seus empregados ou colaboradores, qualquer atitude de cunho discriminatório”.

“A Caixa repudia atitudes racistas ou de discriminação cometidas contra qualquer pessoa”, afirmou.

Crispim relatou ter sido tratado de forma “indiferente” por um gerente, que o teria deixado esperando por “quatro horas e quarenta e sete minutos”, enquanto atendia outras pessoas. Ele teria então buscado outro profissional, que também teria sido ríspido.

“Quando pensei que não poderia piorar, fui surpreendido pelo senhor João Paulo com a seguinte fala: ‘Se o senhor não se retirar da minha mesa, vou chamar uma guarnição’. E assim o fez. Chamou a guarnição, dois policiais me pediram, no primeiro momento, de forma educada, para que pudéssemos nos dirigir juntamente com gerente até a delegacia para prestar esclarecimentos. Até aí tudo bem”, contou o empresário.

No entanto, o gerente identificado como João Paulo afirmou, conforme o vídeo mostra, que “não faz acordos com esse tipo de gente”. Em outro momento, diz que só iria acompanhá-los à delegacia se o cliente saísse do banco algemado.

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“Em pleno século 21, fui tratado de forma ríspida e claramente fui vítima de preconceito racial”, frisou Crispim.

A Polícia Militar da Bahia informou que uma guarnição do 18º Batalhão foi solicitada por funcionários da Caixa Econômica no Relógio de São Pedro, “em razão de um dos clientes se recusar a deixar a agência mesmo após o término do expediente”.

“No local, os policiais militares conversaram com o gerente da agência e ele relatou que o homem estava solicitando um comprovante de transação, que não poderia ser fornecido naquele momento, e solicitou a remoção do cidadão do interior do estabelecimento em razão do encerramento do expediente bancário”, disse a corporação.

De acordo com os policiais militares presentes no momento do tumulto, o cliente se exaltou e disse que não sairia da agência sem ter a sua demanda atendida.

“Houve a necessidade de empregar a força proporcional para fazer cumprir a ordem legal exarada, mesmo após diversas tentativas de conduzi-lo sem o emprego da força. Ele não foi algemado. O vídeo divulgado mostra uma condução técnica dos policiais militares na ação e também observa-se uma edição suprimindo parte do ocorrido”, afirmou a corporação.

Crispim foi conduzido à Central de Flagrantes, onde foi autuado por desobediência e resistência. Uma sindicância será instaurada pelo 18º BPM para apurar todas as circunstâncias da intervenção policial.

O empresário ressaltou que não agiu de forma grosseira ou deselegante e foi tratado “como bandido”.

Segundo Crispim, a saga de seu problema burocrático com a Caixa começou com dois cheques devolvidos. Ele teria pedido para sua gerente que o banco pagasse os valores, afirmando que depois iria repor a quantia. No entanto, como os credores o cobraram novamente por uma solução, o empresário contou ter pago os valores doS cheques.

“Passaram-se alguns dias e verifiquei em um extrato que o banco havia descontado os valores dos cheques”, relatou Crispim. “Após constatar o erro, liguei para a gerente de minha conta e ela me informou que seria impossível eu estar com os cheques em mãos porque a transação já teria sido feita. Quando comprovei para ela que os cheques estavam realmente em minhas mãos, ela ficou ‘meio perdida’, sem saber como resolver. Percebi um certo despreparo ou descaso em resolver meu problema depois de inúmeras tentativas indo ao banco pra pelo menos conseguir o ressarcimento do valor. Sem sucesso, acabei sendo encaminhado para uma espécie de ‘gerente geral’ do banco”.