Em Palmas mãe tem nariz quebrado durante suposta abordagem truculenta da PM ao defender filho

Um rapaz de 20 anos teria sido agredido por agentes da Polícia Militar (PM) no setor Taquari, região sul de Palmas, no início da tarde desta sexta-feira.

O relato é da tia do rapaz que garante ter sido desnecessária a truculência na abordagem. “Moro nos fundos da minha irmã, mãe da vítima. Na casa dela funciona uma creche e meu sobrinho ajuda, buscando e levando as crianças. Por volta das 14 horas, quando ele já havia deixado os aluninhos na creche, ele pegou a moto da minha irmã para ir até minha casa, na parte de traz do quarteirão. Foi o tempo de ele dar a volta em cima da moto para ser abordado pela PM”, começa o relato.

Ela afirma que os policiais já chegaram com violência, derrubando o sobrinho no chão e o algemando. Durante a confusão os vizinhos teriam saído de casa, questionando a violência e indo informar a mãe do menino sobre a situação. “Quando minha irmã chegou, ela viu o policial segurando meu sobrinho no chão com o braço em seu pescoço. Ele já estava sem cor, quando começou a gritar, pedindo para pararem com aquilo. Os PMs xingaram ela e, pra salvar o filho, ela meteu uma pedra que acertou a testa do policial”, continua o relato.

De acordo com relato da irmã, a mãe da vítima teve nariz quebrado após levar socos no rosto e na cabeça, desferidos por agentes da Polícia Militar durante a abordagem (Foto: Divulgação)

A tia do rapaz conta ainda que, em dado momento, os agentes teriam acionado outras viaturas através da rádio patrulha, ao passo que chegaram mais agentes, agora da força tática. “Quando minha irmã meteu a pedra, os policiais começaram a agredi-la com socos no rosto e na cabeça. Meu filho de 13 anos e outro sobrinho que estava completando 18 anos ontem começaram a questionar a violência física contra uma mulher. Quando viram a viatura da Força Tática chegar, correram pra casa e fecharam o portão. Seis policiais entraram em casa e os agrediram, além de terem pegado o celular de uma das pessoas que estavam filmando toda a situação e formatado ele”, afirma.

Confusão

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Toda a confusão teria sido um mal entendido. Um estabelecimento comercial da setor teria sido assaltado no final da manhã de ontem e a dona, após acionar a PM, teria identificado o assaltante como um “homem branco em uma moto Fan ou Titan preta”. A tia da vítima disse que seu sobrinho é moreno “quase negro” e estava em uma Biz preta.

Encaminhamento

Segundo a tia da vítima, após toda a confusão, os envolvidos foram levados à Delegacia de Polícia, onde esperaram por cerca de seis horas. “Quando cheguei na delegacia vi minha irmã e meu sobrinho algemados nas mãos e pés. Ao questionar, eles a levaram para os fundos da delegacia. Era mais de 15 horas e ficamos até as 22 horas aguardando o delegado nos ouvir. Consegui registrar um Boletim de Ocorrência pela agressão do meu filho de 13 anos, mas os policiais se recusaram a fazer o B.O. da minha irmã e do meu sobrinho, nos orientando retornar só hoje”, lembra.

Após a delegacia, as vítimas foram ao Instituto Médico Legal (IML) para exame de corpo de delito e receberam encaminhamento para a ortopedia do Hospital Geral de Palmas (HGP). A mãe do rapaz abordado teria quebrado o nariz com os socos dos policiais e o jovem teria tido uma luxação no braço. “Também iremos procurar a corregedoria da PM e a Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (DEAM)”, garantiu.

A Polícia Militar se manifestou através de nota

Em nota encaminhada à imprensa na manhã deste sábado, a PM justificou a força utilizada na abordagem e sugeriu que o rapaz detido apresenta indícios de envolvimento com facção criminosa. Na nota a PM informou que “todo cidadão abordado, ao oferecer resistência, é imobilizado com o uso seletivo e gradual da força, a fim de que atenda à ordem legítima do estado” e esclareceu que “a resistência às ordens das autoridades competentes configura crime, passível de submissão aos rigores da lei”.

Sobre o fato de a mãe do rapaz abordado ter desferido uma pedra contra um dos agentes, a PM destacou que “agressões aos policiais militares, no exercício da função, configuram não somente crime, como uma afronta ao estado democrático de direito. As ações que envolveram o fato serão apuradas em procedimento administrativo pela corporação”. (Via Jornal do Tocantins)