Unidade prisional de Cariri será referência em colônia agrícola no Tocantins

O Centro de Reeducação Social Luz do Amanhã (CRSLA), em Cariri do Tocantins, construído em 1978, na época que o Tocantins ainda era território do norte goiano, voltará a ter sua função para o qual foi concebido: uma colônia agrícola, destinada ao cumprimento da pena de reeducando em regime semi-aberto. Com 24 alqueires de área total, 32 cabeças de bovinos e 70 de suínos, a unidade prisional tem grande potencial para abrigar e agregar projetos de avicultura, suinocultura e piscicultura, principalmente, além de sistema de produção de hortaliças.

Para tanto, a Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju), que é a pasta que administra o Sistema Penitenciário, e a Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuária (Seagro) já trabalham em projetos com esta finalidade. Os gestores das duas secretarias Heber Fidelis, da Seciju, e Thiago Dourado, da Seagro, acompanhados de equipes técnicas, já estiveram na unidade prisional apontando a necessidade de estudos e licenças para desenvolver projetos. “A primeira coisa que vamos providenciar será a regularização fundiária do espaço, bem como a regularização ambiental e a escolha de atividades que possam estar alinhadas com a própria necessidade da unidade”, aponta Dourado.

As secretarias também pretendem investir na produção de proteína animal e de algum tipo de carboidrato que venham a fazer parte da rotina do Sistema Prisional. Segundo Fidelis, vocação e terreno a unidade tem de sobra, bem como água abundante e de qualidade. Diante disso, um projeto de piscicultura também será estudado para instalação, bem como um sistema irrigado de milho, ou seja, a ideia é investir em alguma cultura que possa, constantemente, alimentar a avicultura, a suinocultura e a própria piscicultura dentro do espaço. “Nossa ideia é movimentar a atividade laboral na unidade prisional, promovendo capacitação in loco e gerando renda para os próprios projetos se manterem e para os reeducandos”, completa.

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Ainda segundo Fidelis, faz-se necessária as regularizações fundiária, ambiental e animal, pois são questões primárias para que se possa captar verba para os projetos. Como a produção bovina requer grandes áreas, na unidade de Cariri ela não deverá ser expandida, mas mantida no sentido da produção leiteira. “Já a suinocultura é possível de expansão dentro do espaço existente, com uma produtividade maior e associada com a pecuária intensiva”, antecipa o gestor da Seagro.

Reinserção social

A oferta de projetos e atividades laborais diversas no CRSLA, tornando a unidade definitivamente uma colônia agrícola, será um fator positivo para os reeducandos da unidade prisional. Eles voltarão ao convívio social extramuros com certificação e qualificação na produção agrícola em uma série de culturas e atividades pecuárias.

O reeducando F.J.S.S, 35 anos, condenado a nove anos de prisão pelo artigo 213, está há três anos na unidade prisional de Cariri e trabalha na suinocultura, cuidando de porcos. Para ele, não tem como explicar a oportunidade dada de poder trabalhar internamente. “Aqui aprendi como lidar com os porcos e acabei tendo grande carinho por eles”, diz ele, que aguarda para o próximo mês de setembro o alvará de soltura. “Minha ideia ao sair é poder trabalhar nesta área, numa chácara ou fazenda, de preferência se for minhas mesmo”, avisa.