“Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor.”

"Essa é uma oportunidade para mostrar, na prática, como a violência emocional é passada de geração em geração, e como acabamos perpetuando atitudes abusivas na educação."- Telma Abrahão

“No Big Brother Brasil, as atitudes da participante Karol Conka tem sido um dos assuntos mais comentados no Twitter. Nos últimos dias, ela tem agido para isolar seu principal desafeto, o Lucas Penteado. Esse post não é um julgamento, mas sim um convite a reflexão. Também não é um ataque contra os pais que já agiram assim com os filhos, mas sim uma oportunidade de rever conceitos.

No vídeo, Karol diz que, na infância, sua mãe a “ensinava” com o isolamento: “É bom para o Lucas a gente ignorar ele. Minha mãe me ignorava por horas, passava um dia sem falar comigo”.

Essa é uma oportunidade para mostrar, na prática, como a violência emocional é passada de geração em geração, e como acabamos perpetuando atitudes abusivas na educação.
A criança errou? Então precisa ser castigada, ignorada e pagar pelo que fez para aprender?
A questão é que nenhuma criança erra para atacar os pais. Esse é, na verdade, o caminho natural do aprendizado humano. Antes de aprender a andar, você caiu várias vezes.

Os erros são grandes oportunidades de aprendizado, e não motivos para castigos. Tem coisa pior que ser desprezado? Imagine como se sente uma criança desprezada?

-- Publicidade --

O desprezo gera medo, desconforto, sensação de abandono e desamor. E mais tarde quando crescemos, reproduzimos a mesma dinâmica com as pessoas que nos relacionamos. É o conhecido: “Não fez o que eu queria? Não me obedeceu cegamente? Então vou te castigar com o meu desprezo!”

Somos uma geração que pouco aprendeu sobre equilíbrio e educação emocional. Pessoas feridas, magoadas, ressentidas que ferem, magoam e ressentem outras pessoas. Só sabe amar quem foi amado. Quem foi maltratado, não aprendeu a amar, aprendeu a se defender.

Para bem educar precisamos primeiro aprender a analisar e amadurecer nossas atitudes, e assim não perpetuarmos nossos traumas, principalmente nas pessoas que mais amamos.
E como dizia Paulo Freire ‘Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor.’”

Publicado originalmente em Pais que evoluem, por Telma Abrahão