Marina afirma que candidatos saudosos da ditadura a preocupam

Quatro dias após o primeiro debate entre os presidenciáveis, a candidata da Rede Sustentabilidade, Marina Silva, afirmou que candidatos que têm “saudosismo em relação à ditadura” a preocupam. Na última semana, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) aumentou o tom dos ataques a Marina na internet. Além disso, Marina também foi o principal alvo de robôs durante o debate da última quinta-feira.

Segundo Marina, alguns movimentos básicos estão alinhados com o princípio do fortalecimento da democracia. A candidata citou também aqueles ligados a escândalos de corrupção e caixa dois.

— Há uma crise que está colocada e na raiz de tudo isso tem a crise da própria política — disse.

Na última semana, a equipe de Marina também percebeu o uso da hashtag #Marina17 em suas transmissões ao vivo pelo facebook. O número é o do partido do deputado Jair Bolsonaro.

Questionada se algum dos candidatos a preocupam sob esse ponto de vista de enfraquecimento da democracia, Marina citou dois tipos de candidatos, sem citar nomes:

— Acho que o debate em si revela quem me preocupa: os que têm saudosismo em relação à ditadura om certeza preocupa. Os que usaram dinheiro de corrupcao e caixa 2 preocupam. A democracia é minada também pela corrupção. A falta de equidade é algo que preocupa — disse.

Segundo Marina, os ataques são uma tentativa de reeditar “a violência e a intimidação” contra sua campanha em 2014.

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A candidata participou na tarde desta quinta-feira de uma sabatina organizada pela ONG Todos pela Educação e pelo jornal “Folha de S.Paulo”. Após o evento, se reuniu com organizadores de um pacto que defende o pluralismo e a tolerância entre os candidatos, além do compromisso com algumas propostas gerais, como a reforma política.

Nesta terça-feira, Marina deverá registrar sua candidatura com as diretrizes programáticas. O programa deve defender o voto distrital misto, mas não deve falar sobre uma proposta de parlamentarismo, defendida pelo seu vice, Eduardo Jorge, que a acompanhou nos dois eventos.

— Quando eu acordo eu penso em distrital misto, quando eu vou dormir eu penso em — parlamentarismo — disse Eduardo.

A candidata Marina Silva também afirmou que irá rediscutir a emenda constitucional que implantou um teto de gastos no orçamento da União. A ex-senadora evitou dizer que irá revogar a medida, mas disse que “nenhum brasileiro em sã consciência” aprova seus efeitos. Marina também lembrou que o Tribunal de Contas da União afirmou que a emenda inviabilizaria o estado brasileiro nos próximos seis anos.

— Fazer a crítica à forma que estão propondo não significa em hipótese alguma irresponsabilidade fiscal, pelo contrário — disse a candidata.

Em 2010, quando de sua primeira campanha presidencial, Marina defendeu controlar o aumento do gasto público a metade do crescimento do Produto Interno Bruto. Segundo a proposta aprovada pelo governo Temer, as despesas públicas não poderão crescer mais do que a inflação.

Questionada nesta segunda-feira sobre qual é o seu posicionamento sobre a regulamentação de como temas como gênero devem ser tratados no currículo escolar, Marina afirmou que a educação pode unir pessoas de origens diferentes, mas também destacou que isso pode ser feito “sem proselitismo”.

— Educação é o espaço onde a gente tem a possibilidade de trabalhar para que todas as pessoas possam ser respeitadas: homens, mulheres, negros, índios, independente da condição social e da orientação sexual. Isso pode e deve ser feito sem significar nenhum tipo de proselitismo, nem ideológico, nem religioso.