CRÔNICA DE OSMAR CASAGRANDE: Retrô, deliciosamente retrô

Palmas, capital do Tocantins, completou trinta anos no dia 20 de maio e por força das circunstâncias, a festa se estende por esses dias que já se vestem do calor que se nos apresenta despudorado.

Foi nessa esteira de comemorações que a ACIPA (Associação Comercial e Industrial de Palmas), de braços dados com a Associação dos Artistas Visuais do Tocantins proporcionou uma noite retrô nesta nossa capital.

A noite do dia 29 teve nome de gala, com exposição de arte: “Ícones da Cultura do Tocantins”, quando foram homenageadas nada menos que 57 personalidades tocantinenses. Nossa Palmas era assim nos seus primórdios, recebendo a todos com o mesmo calor humaníssimo de quem se dá ao receber. Um traço retrô que traçou o perfil da noite. Não a carvão, mas no brilho da amizade.

A beleza maior, a imprimir uma aura de fina alegria, foi o encontro que se deu entre empresários e homenageados, onde aqueles se desdobravam em cortesias e estes se emocionavam com o carinho. Nesse fluir de emoções o encontro nosso, particular, dos muitos artistas que ali pontuavam, deu o tom maior ao evento: nos revimos, nos abraçamos, nossos corações se beijaram e voltamos no tempo, quando nossa cidade era só afeto.

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E falamos. Falamos pelos cotovelos (taí uma expressão retrô), relembramos as aventuras que vivemos ou presenciamos nos palcos, na tela da TV, nos artigos, crônicas, poemas, eventos… Tiramos o atraso e a grandes porções matamos fome e sede de amizade e ternura; vivemos intensamente nossas tão inocentes loucuras recompondo uma época na qual esta nossa cidade respirava cultura. Enfim, enchemos a cara, o coração, o estômago – ora, o corpo todo! – de alegria num modo de toque, de abraços, de beijos como já não se usa fazer, por maior que sejam as telas dos aparelhos que zapeiam nossas vidas.

Coroando a noite de beleza e fina alegoria à arte, Paulinho Pedra Azul encantou a galera com seu canto impecável, levando nas ondas sonoras nossos sonhares para outras eras, quando Palmas quase era uma cidade.

Dentre os homenageados, um poeta que eu amo e retratou aquela época com rara precisão e encanto: “Ontem pasto / hoje pó / amanhã Palmas”. E lá se foi meu coração voando para abraçar o Zé Gomes Sobrinho, autor dos versos, e mais uma multidão de ícones da ternura que, nesses trinta anos, construíram a cultura nessas paragens e que por uma razão ou outra não estiveram de corpo presente na festa retrô, deliciosamente retrô, com que ACIPA (abraço fortíssimo ao Joseph Madeira) e Associação dos Artistas Visuais do Tocantins (abraço pleno ao artista Costa Andrade) nos proporcionaram.

Ao fim e ao cabo, na madrugadinha deste 30 de maio, acabo de acordar de ressaca pelo porre de alegria. Obrigado, caríssimos amigos, pelo afeto, pelo respeito, pelo carinho com que nos aconchegam ao coração. Sou particularmente grato pela lembrança de minha pessoa nessa honraria. Caros amigos pintores, pensadores, escritores, bailarinos, jornalistas, atores e outros tantos lúcidos e loucos: estamos icônicos, futuristicamente retrô. Abraços.