As 26 pessoas mais ricas do mundo têm a mesma fortuna que as 3,8 bilhões mais pobres

Mundialmente, os bilionários estão ficando US$ 2,5 bilhões mais ricos a cada dia, enquanto a metade mais pobre da população global está vendo seu patrimônio líquido diminuir. Em outras palavras, as fortunas combinadas dos 26 indivíduos mais ricos do mundo atingiram US$ 1,4 trilhão no 2018 – o mesmo valor que a riqueza total dos 3,8 bilhões de pessoas mais pobres.

Essas foram algumas das conclusões do relatório publicado pela Oxfam, uma confederação internacional que busca soluções para o problema da pobreza ao redor do mundo, nesta segunda-feira (21).

No mundo, 2.208 pessoas são bilionárias, um recorde desde que o estudo começou a ser feito, em 1976. E desde a crise financeira global, há uma década, o número de bilionários quase dobrou.

O estudo anual foi divulgado antes do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que reúne algumas das pessoas mais ricas e influentes do planeta. O objetivo do relatório é chamar a atenção para a crescente lacuna entre ricos e pobres.

Entre os bilionários que compõem esta estatística, a maioria são norte-americanos, segundo a lista de bilionários da Forbes usada pelo estudo. Os nomes incluem Jeff Bezos, da Amazon, Bill Gates, da Microsoft, Warren Buffett, da Berkshire Hathaway, e Mark Zuckerberg, do Facebook, que coletivamente valem US$ 357 bilhões.

Uma das principais discussões do relatório trata da tributação. A Oxfam recomenda que as nações cobrem impostos em níveis mais justos, aumentem as taxas sobre a renda pessoal e os impostos corporativos e eliminem a elisão fiscal das empresas e dos super-ricos.

Além disso, a instituição defende o fornecimento de assistência médica universal gratuita, educação e outros serviços públicos – e garantir que mulheres e meninas também se beneficiem.

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“Em muitos países, uma educação decente ou de saúde de qualidade tornou-se um luxo que só os ricos podem pagar. Todos os dias, 10 mil pessoas morrem porque não têm acesso a cuidados médicos acessíveis”, diz o relatório da Oxfam.

Vale dizer, que o estudo é bastante criticado pela metodologia. Isso porque a instituição usa o conceito de riqueza líquida: patrimônio menos dívidas – e isso pode gerar algumas distorções. Por exemplo, por esse raciocínio, um jovem que se formou em Stanford, nos EUA, mora em Nova York e ganha US$ 15 mil por mês, mas tem US$ 100 mil em dívidas estudantis é mais pobre do que um camponês que não tem meio de transporte, vive com US$ 1 por dia e não tem dívida. O que não é verdade.

O impacto é desproporcionalmente sentido pelas mulheres

“As meninas são retiradas da escola primeiro quando o dinheiro não há dinheiro para pagar, e as mulheres não recebem pelas horas de trabalho cuidando de parentes doentes quando o sistema de saúde falha”, disse a organização.

Foi estimado que “se todo o trabalho não remunerado realizado por mulheres em todo o mundo foi feito por uma única empresa, a mesma teria um faturamento anual de US$ 10 trilhões”.

O problema é sentido de forma ainda pior em lugares como a Índia, a economia que mais cresce no mundo. O país tem uma das menores taxas de participação feminina em trabalho do mundo. Dados recentes do Banco Mundial mostraram que apenas 27% das mulheres com 15 anos ou mais foram classificadas como trabalhando ou procurando ativamente um emprego.

Outro relatório, da consultoria McKinsey, mostra que a Índia poderia adicionar US$ 770 bilhões à sua economia aumentando a igualdade de gênero, enquanto a Ásia poderia aumentar seu Produto Interno Bruto em até US$ 4,5 trilhões se mais mulheres fossem contratadas.