EXCLUSIVO: Operação Ápia precisa esclarecer negócios de Rossine com os governos de Marcelo Miranda

Na última semana o Tocantins foi bombardeado com mais uma denúncia, desta vez com o empreiteiro Rossine Aires Guimarães dono da construtora Rio Tocantins envolvido com esquema que pode ter fraudado o Estado em mais de R$ 200 milhões de reais em obras de rodovias.

Rossine que é um dos investigados e negociou com o Ministério Público Federal delação premiada fez várias acusações direcionadas mais fortemente a um único político do Tocantins, o que levanta dúvidas sobre a veracidade do que narra o empresário ao procurador da República José Ricardo Teixeira, que entrou com denúncia contra oito empreiteiros do estado por formação de cartel e fraude em licitação.

Em vídeo que foi exibido pela TV Anhanguera no último dia 25, o delator direciona sua fala ao deputado estadual reeleito Eduardo Siqueira Campos (DEM) e não cita nenhum político de governos passados, como por exemplo o seu amigo de infância, Marcelo Miranda que teve dois mandatos de governador cassados pelo Superior Tribunal Federal (STF).

Para compreendermos a relação de Rossine com a família Miranda, primeiro é preciso entender que delação premiada é um acordo firmado com o Ministério Público e/ou Polícia Federal pelo qual o réu ou suspeito de cometer crimes se compromete a colaborar com as investigações e denunciar os integrantes da organização criminosa em troca de benefícios, como redução da pena. Essa colaboração está prevista na lei 12.805, de 5 de agosto de 2013. Contudo, se o delator mentir ou omitir informações o acordo perde o efeito.

Em todo o curso da fala do empreiteiro ao MPF, não é citado nenhum componente dos governos que antecederam o de Siqueira Campos a partir de 2010. Rossine Aires Guimarães e qualquer empresa ligada a ele jamais prestaram qualquer serviço nos governos anteriores de Siqueira Campos, até 2011, e só conseguiu manter contrato a partir daí, porque sua obra estava garantida pelo BNDES. A maior parte das licitações não aconteceram no governo de Siqueira e sim naqueles que o antecederam. Frise-se.

Rossine e seu possível grupo brincam com a inteligência do povo tocantinense ao apontar o dedo para alguém que pouco e raramente conviveu. Temos de questionar o senhor Rossine sobre qual foi o seu primeiro contrato milionário no governo do Tocantins, em qual governo ganhou sua primeira licitação e em qual cidade ele fez seu primeiro negócio, em que época e com quem, com essas informações poderemos compreender as declarações do delator, sem elas, no entanto, tudo o que diz pode ser um “fruto da árvore envenenada”.

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Encontrar problemas na justiça envolvendo o empresário Rossine Guimarães não é uma coisa difícil, em uma rápida busca no Google vemos vário processos e destaques na imprensa nacional. Em um deles o senhor Rossine figura ao lado do famoso Carlinhos Cachoeira em esquema de corrupção que desencadeou a operação “Operação Monte Carlo” que discorria em sua base sobre lavagem de dinheiro.

Na reportagem exibida pela TV Anhanguera outra coisa causa muita estranheza, dos sete indiciados pelo MPF a reportagem só exibiu a imagem de Eduardo Siqueira Campos que não foi indiciado e nem é investigado.

Rossine Aires Guimarães disse ainda que repassou R$ 5 milhões de reais usando cheques de um “agiota” que “não sabia de nada”. Oi? Como assim uma movimentação desse tamanho não chamou atenção? Por muito menos estamos assistindo a vida do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL) ser revirada do avesso com a ajuda do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o COAF, aliás, porque o Coaf não foi acionado pelo MPF para cruzar as informações dadas por Rossine, que com algumas folhas de cheques diz ter movimentado R$ 5 milhões de reais em propinas? E mais, quem descontou esses cheques? Em todo o tempo que o empreiteiro atua no Tocantins, teve que pagar propina apenas a um mísero político?

A delação está claramente viciada e busca atingir uma única pessoa. Somos, todos nós tocantinenses, conhecedores das formas nebulosas como atuam os componentes da família Miranda e seus tentáculos.

O Coaf precisa responder algumas questões para revelar qual o tamanho da canalhice de Rossine em sua delação. É preciso saber quem é o agiota a quem o empresário entregou os cinco milhões para depois receber em cheque, número da conta, agência e quem descontou. Se de fato isso ocorreu, tudo é rastreável e o Coaf precisa agir para não macular ainda mais a imagem de um inocente.

José Wilson Siqueira Campos renunciou ao seu mandato, respeitando a lei para que seu filho pudesse ser candidato a deputado estadual nas eleições de 2014, o velho não precisava da máquina do governo para isso, assim como aconteceu em 1998 quando renunciou, e, mesmo sendo aconselhado por nomes como Antônio Carlos Magalhães e Inocêncio de Oliveira a não fazê-lo, seguiu em frente, renunciou para que Eduardo disputasse o senado. Naquele ano, não só Eduardo foi eleito para o senado, como Siqueira também voltou para o governo junto do saudoso João Cruz que era seu vice.

Na opinião deste editor o jogo armado pelo senhor Rossine tem muitas cartas marcadas e sua tentativa é óbvia de mais.

Certamente ainda há muito para ser esclarecido, até que isso ocorra Rossine Aires Guimarães deveria, em respeito aos contribuintes tocantinenses, estar atrás das grades