Compreender a marcha e ir tocando em frente: Quem é Joseph Madeira antes do empresário de sucesso

O ano é 1976, no estado do Maranhão abre-se uma escola simples num povoado distante, destas escolas que tudo falta, onde o aluno tem que levar até o tamborete para sentar. Destes tempos onde o aluno para internalizar o que é literalmente primário deve guerrear contra tudo, não é frase feita, mas este moço de quem ousarei falar, teve desde o início concorrer com os “nãos” da vida.

Um pequeno sonhador de aproximadamente nove anos tinha um único sonho: aprender a ler e escrever.

A avó que criava a pequena criança, trabalhava quebrando coco babaçu para o sustento da casa, ela queria juntar dinheiro, a economia da lida tinha um objetivo, vendo o neto, naquele momento um literal “Hércules-Quasímodo” como na obra de Euclides da Cunha.

Com a juntada do apurado, compraria uma bermuda nova para que a criança pudesse ir à escola, o tempo passou, quase seis meses depois sem ir à escola, o pequeno sonhador ainda esperançava aprender a ler. Quebrar coco babaçu, é ainda hoje uma lida onde, em muitas cidades é opção singular para quem que comer.

Avó e neto ao visitarem a casa de uma tia, tantos meses depois da chegada da escola ao povoado, são perguntados se o pequeno já estava matriculado, a avó com muita humildade responde que não, que estava juntando dinheiro para comprar uma muda de roupa, que só assim, ele poderia frequentar as aulas. Imediatamente essa tia vai até uma gaveta de seu filho, retira um conjunto pouco surrado e presenteia o pequeno que aceita a vestimenta como milagre, com os olhos brilhando, rasgou o peito pela primeira vez: Ali realizou o primeiro sonho, ir à escola e esse primeiro sonho realizado, mudou toda a sua vida.

Imitando a querida e inspiradora Roberta Tum, abro aqui um parêntese:

Caro leitor, o artigo vai ser um pouco longo, e não teria como resumir, essa epopeia, sim dou esse nome e não aceito outra palavra. Maranhense, negro, sonhador, muitas vezes ignorado. Hoje pode ser fácil elogiá-lo, coisa que nunca demasiei. Preferi conhecer ele e seu avesso. Escrevo esse meu mais arriscado artigo, ouvindo repetidamente a canção “Tocando em Frente”. Música que numa Mercedes ouvimos juntos, repetidas vezes, divagando as possibilidades de seus significados. A Mercedes é acaso, e é mesmo, poderia ser a qualquer momento, em qualquer lugar e dentro de um Eixão. Ele é uma cara que rodou muito de busão antes dessas estações confusas.

Pronto, fecho o parêntese costumeiro da amada Tum.

Seguindo a história que é real, (a tenho gravada em áudio e vídeo). Na primeira segunda-feira com a velha nova roupa, a criança é a primeira a chegar na escola, mas senta-se no final da sala, ele se considerava o último, despreparado, perdido, aquele que chegou tarde porque não teve a roupa para ir no primeiro dia de aula. Neste momento ele sente-se fraco, derrotado. Quantas crianças neste país, ainda hoje deixam de ir à escola por esta vergonha, a educação antecede e muito a primeira cartilha do básico saber. Fome, roupa, condução. O básico do básico de um país que ainda esconde em seus rincões, necessidades miseráveis.

Os dias passaram e sempre com a mesma roupinha, ele jamais faltou uma aula. Jamais!

Meses depois, cerca de quatro ou cinco, da primeira vez entrou numa escola, a professora fez uma pequena dinâmica, perguntou quem queria ir à frente escrever um bilhete para família. Naquela época, os meninos de famílias mais abastadas do povoado do interior do Maranhão tinham um lápis verde e uma borracha colorida, dois simples objetos que, para o pequeno sonhador eram as ferramentas mais importantes do mundo naquele momento.

O lápis que ele tinha era velho, muito gasto e a borracha tinha um furo no meio. Ele tinha pouco, quase nada. Não deveria saber, mas, vergonha, sonho e coragem estavam dentro do seu coração.

– Quem quer vir aqui a frente escrever algo para o pai, para a mãe ou alguém da família? Quem souber escrever levanta o braço e vem aqui na frente. Insistiu a professora Concita. (Personagem real).

O pequeno sonhador gelou sentado no seu tamborete lá no fundo da sala, seus braços pareciam ser de ferro ou possuir naquele momento o metal mais pesado do mundo, ele nunca conseguiria andar até a frente da sala ou levantar o braço, imaginava. Passar entre os colegas, ah! Impossível. Como poderia andar entre aquelas crianças bem vestidas, perfumadas com seus cadernos modernos com capas dos heróis famosos da época.

Impensável!

Mas…

Nenhum outro aluno quis ir a frente, mesmo todos sendo mais adiantados nos estudos. A professora chama novamente e ninguém se levanta, é quando um fenômeno acontece com o garoto dos braços ferro, uma energia encorajadora parece transformar aqueles pesados braços em algodão, como em câmera lenta (que hoje é moderno falar slow motion) ele vai levantando a mão e a professora se surpreende, enxerga o que era o tal “Hércules-Quasímodo” aquele que chegou tarde na escola.

Com as pernas tremendo e quase caindo, o jovem sonhador vai até à mesa da professora que lhe entrega papel e caneta onde ele escreve: “Mãe, quero lápis verde e borracha colorida”.

Perdão, leitor e leitora, mas eu tenho aqui que gritar um: Nooooosssaaa! (Sou um jovem que arrisca editar, então me permito o exagero necessário).

A professora emocionada mostra para toda a classe o que o jovem sonhador escreveu, todos ficam tocados, o momento se torna uma comemoração e a notícia se espalha, aquele que tinha chegado por último, foi o único ir à frente da turma aceitando o primeiro desafio da professora. O primeiro desafio de sua vida. Eu não tive a oportunidade de dizer isso a ele, mas depois desse desafio, eu tomo a liberdade para brincar, todos os outros foram fichinhas.

Naquele dia nasceu um novo ser. O pequeno sonhador saiu dali dizendo uma frase que carregaria para toda a sua vida: “Em circunstância iguais eu farei sempre a diferença”.

Eu repito e é o conceito de sua vida, peço a você leitor e leitora, pause aqui seu olhar e pensamento nesta frase: “Em circunstância iguais eu farei sempre a diferença”.

A confiança em nós mesmos é o primeiro segredo do sucesso

O pequeno sonhador se tornou um dos maiores empresários do Tocantins, seus braços não são mais pesados e sua mão não é de ferro. Sua empresa carrega as iniciais de seu nome e formam uma palavra que se pudesse entrar para o dicionário, teria como significado a grandeza do amor ao próximo, o cuidado com as pessoas e olhar pausado sob a beleza complexa que carrega o ser humano.

– Não é fácil ser ele! Em uma conversa pessoal, um dia ouvi dele: “Não aceito a ideia de CNPJ não ter coração”. Estávamos em um momento pessoal e ele não me precisava surpreender com discurso batido. Nesta conversa pessoal (peço perdão a ele pois nem pedi autorização para colocar aqui este breve comentário) ele completou: “Kim, eu nunca tive uma empresa, eu tenho uma grande família”. Eu, macaco velho, duvidei da frase bonita. O cara conhece cada “familiar” pelo nome, pergunta dos parentes, lembra dos últimos assuntos. Não conheço ninguém com essa mente de elefante. E olha que eu conheço muitas peças até aqui.

 

Aprendi também algo muito forte que me foi desconcertante, esse aprendizado foi como que por osmose, foi no observar. O amor deste pequeno gigante por sua mãe, a primeira vez que a conheci, observei, sorri, e nesse observar, já quase entrando no carro ele me disse: “As mães não se rendem jamais. Será essa a nossa lição? A fé? A determinação? O amor a uma causa?”

 

Gostaria de ter podido conviver mais com este moço frutuoso.

 

Eu entrevistei o Joseph Ribamar Madeira, CEO do Grupo Jorima e presidente da Associação Comercial e Industrial de Palmas (Acipa), num momento que diversas vezes foi silenciado pela emoção do entrevistado e entrevistador. Fiz essa entrevista há uns três anos atrás. Não publiquei. Não sabia como iniciar, dar meio e fim. Acordo no meio de uma noite, motivado, lembrando do dia da entrevista, sendo um moço com ansiedade nem cheguei a assustar, foi o coração que despertou para concluir esta ousadia.

Após conhecer o Joseph, nem sei direito o porquê, deixei de usar o “obrigado” e passei a usar o “gratidão”. Mudar o hábito, mudou muito minha energia, minha relação com o universo.

Certamente contar a história de Joseph Madeira não é tarefa fácil e nem caberiam neste lampejo ousado do coração que tirou-me da cama, diante do computador, fone, a música tocando em frente (versão do Almir Sater) e o teclado que parecia alinhado, entusiasta da mente, da forma como queria escrever.

Joseph Ribamar Madeira sua jornada é recheada de desafios inspiradores. Homem altruísta, empreendedor e líder servidor, nesta conversa tentamos aprender um pouco com a experiência de sucesso do motivador empresário tocantinense.

 

OBS: Nós não nos vemos, infelizmente há pouco mais de 14 meses. Não importa, somos irmãos de alma.

 

Segue a íntegra da entrevista de três anos atrás:

Tocantins Agora: Jorima reúne as iniciais de seu nome, como começou essa história?

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Joseph Madeira: A história começou quando nós já tínhamos a empresa Fênix e desde de criança eu sempre apostei em singularidade, que é poder fazer algo diferente. O nome Fênix caminhava na contramão dessa minha convicção, por que há várias empresas com esse nome, é uma estória bacana da mitologia de alguém que renasce, que ressurge, então me encantava. Mas singularidade já não havia, eu tinha a Fênix produtos e serviços, mas eu via na rua Fênix bebidas, Fênix tecidos, para onde ia, via Fênix. Eu tinha dificuldades simples até para criar um domínio de internet, então pensei em criar um nome que fosse singular e compartilhei isso com um professor tentando encontrar essa singularidade, certo dia ele fez a junção das duas primeiras letras do meu nome completo, chegamos então a Jorima, após uma pesquisa notamos que era mesmo inédito, encomendamos uma marca que segue até hoje. Mas num primeiro momento esse nome não me soou bem, ainda não tinha aprovado, fui orientado a registrar a marca e CNPJ e deixar guardado para usar quando tivesse a oportunidade. Dois anos depois, eu estava em um evento fora do estado quando recebi a ligação do representante de um órgão que me disse precisar emergencialmente de uma empresa com nossos serviços (asseio e conservação) pois a que estava realizando os trabalhos havia desistido. Emergencial é a única condição que você pode entrar sem ter todos aqueles critérios documentais e de experiências entre outros, foi quando mandei a proposta com o CNPJ e a marca da Jorima que estava guardado há mais de dois anos. Disse a mim mesmo que se fosse da vontade de Deus, para que essa fosse a marca e o nome, para fazer a diferença no mercado, que se ganhássemos a proposta isso seria um grande sinal. Então recebi a resposta ainda onde eu estava, naquele evento fora do estado, dizendo que nossa proposta tinha vencido, isso para mim foi uma resposta de Deus de que o nome certo era mesmo Jorima. A partir deste resultado, veio então a Jorima Construção e Limpeza, Jorima Segurança e graças a Deus hoje é a marca que alavanca todos nossos negócios, todos os nossos valores, tudo o que acreditamos está sustentado nessa marca e que me deixa extremamente confortável pela singularidade que ela representa começando exatamente pelo nome.

TOA: As oportunidades não caíram do céu, hoje o senhor tem a oportunidade de cuidar de outras pessoas, um dos grandes valores dos seus empreendimentos, o senhor sofreu muito para chegar até aqui/ alguém cuidou de você?

JM: Não, não vejo assim! Talvez a ausência de oportunidade que eu tive de eventualmente alguém cuidar de mim, talvez tenha sido exatamente isso que me despertou a cuidar de outras pessoas dentro daquilo que me é possível. Embora pessoalmente eu não tenha o que reclamar, tenho várias histórias e episódios em que a transformação da minha vida aconteceu a partir de um gesto, uma atitude, as vezes nem se trata de alguém que me deu algo, mas de alguém que falou uma palavra ou teve uma atitude na qual eu me espelhei e isso norteou a estrada que me trouxe até aqui. Há um fato determinante que aconteceu em minha vida e tem relação direta com o cuidar das pessoas. Houve um tempo que eu vendia carvão na feira e tinha o sonho de ser locutor de rádio, algo que tinha certa vaidade, mas quando ia vender carvão me confrontava com aquela vaidade, aquela coisa linda de ser locutor, com a dura realidade do menino que tinha que acordar cedo e vender carvão lá na feira, naquele que era o pior lugar da feira, afastado, isso me desestimulou em relação ao meu sonho. Eu tinha um tio com quem conversava sempre e me entusiasmava e apoiava muito com essa ideia. Eu estava tão desestimulado que tinha desistido desse projeto de ser locutor, foi quando ele me despertou a ter real interesse pelas pessoas, aliás, duas coisas: Ter real interesse pelas pessoas e fazer o melhor que você pode, onde quer que você esteja. Eu dizia ao meu tio, “como vendedor de carvão eu nunca vou conseguir ser locutor”, era nisso que eu acreditava, mas ele me disse; “Você está errado, você vai sim, ser locutor de rádio, sabe qual é o primeiro passo pra realizar o seu sonho? É ser o melhor vendedor de carvão lá da feira, você tem que ser o melhor no que você faz hoje! Se for o melhor no que faz hoje, irá galgar outros degraus”. E aí veio o segundo conselho do meu tio que não esqueci jamais: “Para ser o melhor no que faz, você precisa gostar das pessoas, você precisa se relacionar bem com elas”. Ele também me deu até uma dica, me disse que locutor precisa saber o nome das pessoas, lembrar delas, mandar abraço. Isso é se interessar pelas pessoas. O locutor que está na cidade manda abraço para quem está lá na roça, pro motorista de ônibus ou de táxi, pro porteiro do prédio, ele se comunica e de certa forma cuida da alma das pessoas. Isso foi muito importante para mim por que ao passo que se tem real interesse pelas pessoas, deve-se ter respeito pelo nome delas. Chame a pessoa pelo seu nome! Então quando você conhecer alguém, pergunte o nome e tente decorar, da próxima vez que encontrá-la chame-a pelo nome. Fiz esse exercício lá na feira com a dona Júlia que era avó do Juquinha, construí uma relação a partir dali, do diferencial que dei a me lembrar do nome dela e sobretudo da importância quando na segunda vez que ela voltou eu perguntei, cadê o Juquinha? Então tocou o coração dela eu ter me lembrado do neto.

Esse é um primeiro fato que me vem à mente sobre sua pergunta, o segundo aconteceu algumas semanas depois, quando você me pergunta se alguém cuidou de mim, lembro-me do primeiro grande gesto de alguém que, fora a minha avó/mãe que me criava, fez um gesto de acolhida que teve um pesadíssimo significado para mim. Um dia uma mulher chegou lá em casa e viu que eu saia muito cedo para vender carvão, “meu filho, você sai tão cedo, nem toma café”, ela me disse. Então trouxe uma xícara de café com leite e um pedaço de bolo. Aquilo teve um significado tremendo, por que ela não trouxe só um café com leite e um pedaço de bolo, ela trouxe elevadíssima dose de significado e significância de olhar para a pessoa e reconhecê-la como gente. Assim eu aprendi uma segunda grande lição, a partir daí tornou-se natural em mim cuidar das pessoas.

Hoje como empresário que participa de disputas e administra conflitos tendo que defender sua parte, aprendi a cultivar o equilíbrio destes ensinamentos. Eu posso disputar com uma pessoa respeitando ela como ser humano. Isso acabou se tornando uma marca que, mesmo sem querer, me transformou numa pessoa que disputa sempre da forma mais leal, me permitindo muitas vezes recuar, deixando meu oponente ganhar, dentro de um processo que não seja crucial, não nutro o orgulho de vencer sempre.

TOA: Quem é o Joseph que no interior do Maranhão sentava no seu tamborete no fundo da sala de aula e reuniu forças para ir até a mesa da professora escrever suas primeiras palavras e quem é o Joseph que hoje possui uma das maiores empresas do Tocantins e senta como presidente na cadeira da principal associação comercial de uma cidade do estado.

(Neste momento um silêncio toma a sala, um filme deve ter passado na cabeça do empresário que encheu os olhos de lágrimas, choramos e rimos juntos, muitos minutos depois, retomamos o fôlego e voltamos para a entrevista).

JM: Esse Joseph de hoje que consegue se destacar, ele tem vários esteios que o sustentam para isso. É uma história bonita, temos um CNPJ consolidado que apesar das adversidades, de certo modo existe uma estrutura por trás que me dá suporte para enfrentar o dia a dia.

Aquele menino tinha apenas um imenso quadro branco, um imenso vazio, ele na sua inocência não conhecia nada, respeitando o Joseph de hoje, quando eu olho para trás, se eu pudesse, abraçava aquele menino, por que se não fosse o que ele fez nunca que o Joseph seria o que é hoje. Aquele menino foi um gigante. Em meio à todas as adversidades, com a sua alma ferida, naquele tempo em que era muito mais difícil ser alguém pela cor da sua pele, de quem não teve a roupa para começar a estudar junto com os outros, de quem chegou derradeiro, ficou no fim da fila, no fundo da sala. Naquela posição, esse menino se agigantou e conseguiu para ele, naquele momento, essa convicção de que em condições iguais, terá dificuldades para vencer, mas, pela força e pelo desejo de querer fazer o melhor, irá vencer.

Tenho no meu coração essa lembrança, sou aquele menino engrandecido, mas aquele gesto foi determinante em minha vida. Isso me toca e me emociona toda vez que me lembro.

TOA: Que mensagem o senhor pode transmitir a quem tem a alma do brasileiro que não desiste de lutar, olhando para sua história, se pudesse aconselhar os empreendedores tocantinenses que estão começando, o que poderia ser dito?

JM: É imprescindível para o ser humano, dentro do possível, dentro de todas e quaisquer que sejam as circunstâncias em que ele viva, o importante é que foque numa coisa chamada paz de espírito! Esta paz de espírito está diretamente relacionada com a forma que ele lida com as coisas que vem ao seu encontro. Com a forma de seu pensamento. Se é positivo, tem sentimentos como a gratidão. Uma pessoa que tem o coração grato tem uma grande dose de paz por que ela lida melhor com as coisas externas, mesmo diante daquilo que não deu certo ela vai identificar consigo mesma, os motivos suficientes para ficar grata pela oportunidade que teve.

Na vida, não é apenas quem chega em primeiro lugar que é campeão, é preciso dar valor ao material humano, na corrida diária, na convivência, muitos são importes para posicionar um projeto e quando se valoriza o outro, não importa o resultado, um grupo que é unido, estará sempre em primeiro lugar.

É importante saber a nossa missão de vida, compreender essa missão de vida também nos trará paz, se eu me mantiver fiel a essa missão, a minha paz não dependerá do resultado da batalha, minha paz estará na fidelidade da minha missão, posso até perder a batalha, mas não vou ficar triste ou achar que o mundo foi injusto se eu tiver a convicção de que naquele proposito eu cumpri a minha missão, fiz o melhor que pude, cuidei das pessoas e tive gratidão.

Então a definição de uma missão e uma plena fidelidade a ela é motivo de paz para o ser humano independentemente do resultado. E eu asseguro, alguém que é plenamente fiel à sua missão, que dá o melhor que ele pode, que é grato e que tem paixão, a chance de estar entre os primeiros, já é gigantesca.

TOA: O senhor consegue dizer o que é felicidade?

JM: Sim e da maneira mais simples possível, a música “tocando em frente” [de Renato Teixeira e Almir Sater] é sublime na busca por essa resposta; “penso que cumprir a vida seja simplesmente compreender a marcha e ir tocando em frente”. Isso é a felicidade. Compreender a marchar é entender que o resultado de um jogo não vai definir seu valor ou se você é bom ou ruim, jogos são circunstâncias, o que importa é o seu propósito e sua fidelidade na missão, como já disse antes.

Felicidade é isso, acordar e dizer para si, eu vou fazer o melhor que eu posso, é você deitar dizendo, eu fiz o melhor que eu pude, eu cumpri a minha missão nesse dia.

Se você se mantém fiel a sua missão, Deus providência as ferramentas para que essa missão se cumpra.

TOA: Quem é Deus na sua vida?

JM: Ele é o centro de todas as coisas! Ele é tão centro que eu não me vejo dizendo “olha eu sou de tal religião”. Como Jesus em sua época, é claro para mim que o importante é fazer a vontade do Pai.

Deus é tudo, uma energia que sem ela nada me seria possível. N’Ele entrego todas as minhas missões, que sendo aceitas por Ele como justas e importantes para as outras pessoas, que busque a coletividade, não tenho dúvida que serão abençoadas.

Sabe aquele momento quando se está saindo de um culto ou de uma missa, que você sente aquela boa energia, aquela força e convicção? O que peço para Deus é que me faça assim, todos os dias.

TOA: Em determinado momento da sua carreira, ainda como jornalista, você já relatou que estava numa praia para fazer uma matéria e a pessoa que tinha que distribuir alguns jornais preferiu ir curtir a praia, então você mesmo fez a entrega. Realizar um papel de sucesso é fazer mais do que esperam de você?

JM: Essa pergunta me leva a uma convicção e eu fico muito feliz com isso. Um dos grandes orgulhos que eu tenho é que a história que eu construí, conto sempre, foi construída com pedras. Por isso tenho internalizada uma frase: “fazer o melhor que você pode, no lugar onde você estiver, com a ferramenta que você tiver” é o que lhe destacará na vida. A cada instante eu fiz isso. Você me lembrou dessa história onde eu tinha ido até um local apenas para fazer uma matéria, depois eu vi que o jornal não tinha sido distribuído, me incomodou em nome da minha missão de vida [fazer o melhor que você pode], então fui distribuir o jornal, agora volto à questão da felicidade, imagine a minha alegria quando eu fui fazer aquilo. Talvez nós não estivéssemos tendo essa conversa aqui se eu não tivesse tido aquele gesto, por que o Tião [Pinheiro, diretor de jornalismo da Jaime Câmara a época], me chamou para o Jornal do Tocantins, ele me descobriu com aquilo e assim tive a oportunidade de conviver com um mestre onde aprendi muito mais. Por isso eu falo que a vida é uma escada, se você perdeu uma partida, levou de dez a zero, deve se perguntar:  – Tudo bem eu perdi, mas eu fui fiel a minha missão, eu fui grato, dei o melhor que eu podia, disputei com paixão, disputei com lealdade às pessoas? A fidelidade a tudo isso é mais importante que o resultado do jogo. O resultado é atemporal.

TOA: Isso me leva a outra pergunta. O que é propósito? Outra passagem forte da sua vida é de um momento em que atuava como jornalista e pediram a sua primeira matéria como teste. O senhor foi até a Acipa onde estava tendo eleição na época. Com esta matéria o senhor se manteve no Jornal do Tocantins. Vários anos depois, este jornalista se tornou um grande empresário que agora preside a entidade. Fale-nos sobre o propósito e sua força.

JM: Novamente falo da gratidão, da força da gratidão. A gratidão é como se estabelecesse uma liga com determinado acontecimento. Fui na Acipa na época fazer uma matéria com os dois presidentes, o que saia e aquele que estava entrando. Levei a matéria para a redação e foi aprovada, em circunstâncias normais eu poderia achar que estava confortável e eles é que me deviam pela publicação, mas foi totalmente o contrário, eu que senti ter uma dívida de gratidão com aquela entidade. Nem fiz pensando em emprego, na verdade, estava agradecendo por que Deus já tinha me dado o primeiro, então eu estava só pagando.

Pouco tempo depois o presidente me chamou para trabalhar como assessor, mas não tinha salário e isso não foi impedimento, Deus ainda colocou palavras na boca dele que nunca esqueci: “Olhe para o alto filho, vem pra cá, você vai conviver com os empresários, você vai se inspirar, vai aprender com eles e quem sabe um dia, você se torne um deles”.

Meu coração colocou a gratidão em ação e os vínculos foram se fortalecendo. Hoje retorno todos os dias para a Acipa como seu presidente, tendo definido claramente qual é o meu propósito de vida, que é fazer o melhor que eu posso, onde quer que eu esteja, com as ferramentas que eu tenho.

TOA: Para finalizar quais são os desafios já definidos pelo Joseph em 2021?

JM: Eu sou fascinado por fazer história, então eu não me deixo seduzir. Iniciamos falando sobre singularidade, desta forma, meu objetivo neste ano é ser o melhor presidente para a Associação Comercial e Industrial de Palmas, a Acipa. Gosto de poder fazer história por onde passo, seja na minha primeira aula numa escola, seja vendendo carvão, seja como jornalista. Marcando positivamente a vida das pessoas que lembrarão do encontro que a gente teve nas estradas da vida.

TOA: O que o Tocantins é para Joseph Madeira?

JM: Tem um ditado que fala que alguns amigos têm significado superior a um irmão, por que um irmão você não escolhe, nasceu do ventre da sua mãe, já adquiriu essa condição de irmão. E o amigo leal, o amigo verdadeiro, você escolhe e constrói ao longo de uma caminhada.

O estado que você nasce, também não pode ser escolhido, mas se eu pudesse escolher um estado onde nascer, pela gratidão que tenho, pelo que ele representa, por entender que Deus me trouxe para cá, para escrever minha história, por essa razão o Tocantins é o meu estado, que escolhi, onde lutei, plantei e colhi, pelas bênçãos que Deus trouxe sobre a minha vida neste lugar. Tocantins é o meu estado, o Tocantins é amor e luta, o Tocantins é gratidão.

 

 

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Kim Nunes – Jornalista, Articulista, eterno buscador de si mesmo.